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25 de abril de 2025

Polêmica: vereadora Najara Costa vota contra voto de louvor a Apóstolo Estevam, proposto por Anderson Nóbrega

Leandro Barreira / Divulgação / Imprensa CMTS



Na última terça-feira (22), a Câmara Municipal de Taboão da Serra registrou uma das primeiras polêmicas da nova legislatura. O vereador Anderson Nóbrega (MDB) propôs um voto de louvor ao apóstolo Estevam Hernandes e à bispa Sônia Hernandes, fundadores da Igreja Renascer em Cristo, pela realização de um evento evangélico. A proposta foi aprovada, mas o voto contrário da vereadora Najara Costa (PCdoB) gerou desconforto no plenário.

Os votos de louvor são ferramentas tradicionais usadas pelos vereadores para homenagear ações, eventos ou personalidades, e normalmente são aprovados sem objeções. No entanto, pela primeira vez em anos, houve oposição a uma homenagem, quebrando o protocolo habitual da Câmara de Taboão da Serra.

O evento em questão, intitulado “Mulheres +Q V”, ocorreu em São Paulo e reuniu cerca de 10 mil mulheres evangélicas da Igreja Renascer, denominação frequentada pelo vereador Anderson Nóbrega.

Conflito de posicionamentos

Anderson Nóbrega está em seu segundo mandato como vereador e é filho do ex-vereador Olívio Nóbrega e irmão do deputado estadual Eduardo Nóbrega — ambos com forte ligação à Igreja Renascer. Já Najara Costa, em seu primeiro mandato, é conhecida por seu posicionamento de esquerda e atuação em pautas sociais.

“Fui a única vereadora que votou contra o voto de louvor ao apóstolo Estevam Hernandes por uma razão muito simples: respeito a seriedade do mandato que exerço e ao povo que represento”, afirmou Najara. “Como agente pública, não posso compactuar com a homenagem a uma figura que já foi condenada pela Justiça dos Estados Unidos por crime federal, envolvendo ocultação de valores em espécie — inclusive escondidos em uma Bíblia, o que torna o episódio ainda mais simbólico e grave.”

Em resposta, Anderson Nóbrega preferiu não polemizar. “Respeito o voto da vereadora, mas lamento. O voto de louvor foi para homenagear a bispa Sônia Hernandes por um evento que reuniu mais de 10 mil mulheres com mensagens de fé, esperança e valorização da mulher”, disse ao Portal O Taboanense.

Najara reforçou sua posição: “Estamos vivendo um tempo em que é fundamental reafirmar a integridade e a responsabilidade ética no espaço público. Louvar alguém com esse histórico é banalizar a ética e deseducar sobre o papel da política. Não tenho nada contra a fé das pessoas, mas espiritualidade deve caminhar junto com responsabilidade.”

Anderson Nóbrega reiterou que seguirá apoiando eventos voltados ao fortalecimento da mulher e da fé: “Jamais votarei contra qualquer homenagem a eventos que exaltem o papel da mulher na sociedade, sejam cristãos ou não.”

O vereador Anderson Nóbrega cobrou “coerência” da colega de Legislativo. “Ela está alegando que não votou por uma questão do problema judicial do apóstolo que ele teve na justiça. Se for por isso, ela não teria que estar no PCdoB Porque o PCdoB também já teve problema na justiça dos seus membros, inclusive um deles perdendo o cargo do ministério por suspeita de corrupção. Então se for por coerência, ela também não teria nem que estar no PCdoB Porque é um partido que também tem problema com a justiça”.

Polêmica internacional

A controvérsia citada pela vereadora se refere à prisão do casal Hernandes em janeiro de 2007, nos Estados Unidos. Eles foram detidos no aeroporto de Miami por tentar entrar no país com US$ 56 mil não declarados, parte do valor escondida em uma Bíblia, malas e roupas íntimas. Pela legislação americana, qualquer valor acima de US$ 10 mil deve ser declarado na entrada no país.

O casal foi indiciado por conspiração para contrabando de dinheiro, passou por audiência judicial e chegou a cumprir prisão domiciliar com tornozeleiras eletrônicas nos EUA. O caso gerou repercussão internacional e levantou discussões sobre transparência nas instituições religiosas.

A fundação da Igreja Renascer em Cristo e a criação da Marcha para Jesus, evento de grande relevância no meio evangélico, fazem de Estevam e Sônia Hernandes figuras influentes — e controversas — no cenário religioso brasileiro.





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