Poeta Sérgio Vaz, de Taboão da Serra, é homenageado pelo presidente Lula com a Ordem do Mérito Cultural

Poeta e escritor de Taboão da Serra, Sérgio Vaz
O poeta Sérgio Vaz, morador de Taboão da Serra, está entre os 112 homenageados com a Ordem do Mérito Cultural (OMC), considerada a maior honraria pública do setor cultural no Brasil. A cerimônia de entrega aconteceu nesta terça-feira (20), no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Além de Sérgio Vaz, também foram homenageados nomes como Conceição Evaristo, Emicida, Alcione, Fernanda Torres, Paulo Gustavo (in memoriam), Marília Mendonça (in memoriam), Xuxa, Preta Gil, Lázaro Ramos, Walter Salles, Marcelo Rubens Paiva, Chitãozinho e Xororó, entre outros.
A homenagem reconhece a contribuição de Sérgio Vaz para a literatura e a valorização da periferia por meio da arte e da poesia. Fundador do movimento Cooperifa e uma das principais vozes da cultura marginal, o poeta se destacou nacionalmente pelo trabalho em comunidades e escolas públicas, promovendo acesso à cultura e à leitura.
“Fico muito feliz pelo reconhecimento do meu trabalho, mas infelizmente estou em outro estado e não pude ir receber essa homenagem no Rio de Janeiro”, afirmou o poeta em contato com a reportagem.
Vaz também destacou a relevância da premiação. “Esse prêmio não é só meu. É um reconhecimento da força da periferia e da poesia como ferramenta de transformação. É uma honra representar Taboão da Serra e todos os artistas que lutam por um Brasil mais justo e sensível”, declarou.
A Ordem do Mérito Cultural voltou a ser entregue após cinco anos de interrupção. A retomada acontece no ano em que o Ministério da Cultura completa 40 anos, reforçando o compromisso do governo com a valorização da cultura como instrumento de democracia e inclusão.
Os nomes foram indicados por meio de consulta pública, com mais de 11 mil sugestões enviadas por cidadãos de todo o país. Após análise da comissão técnica e do Conselho da Ordem, os homenageados foram definidos em três graus de reconhecimento: Grã-Cruz, Comendador e Cavaleiro.
Neste ano serão condecoradas 112 pessoas e 14 instituições. “A volta da Ordem do Mérito Cultural é um marco importante, pois valoriza aqueles que constroem a nossa cultura com dedicação e talento. É o reconhecimento da cultura enquanto alicerce para a democracia e para a construção de um país mais inclusivo e diverso”, destacou a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Sérgio Vaz: voz da transformação cultural
Sérgio Vaz é poeta, escritor e agitador cultural, reconhecido nacionalmente por sua contribuição à literatura e pelo compromisso com a democratização da cultura nas periferias brasileiras. Nascido em Minas Gerais e radicado há décadas em Taboão da Serra, é autor de diversos livros que retratam o cotidiano das comunidades, com sensibilidade, crítica social e lirismo acessível.
Entre suas obras mais conhecidas estão Colecionador de Pedras (2004), Literatura, Pão e Poesia (2011), Subindo a Ladeira Mora a Noite (1988), além de Flores de Alvenaria (2021), um dos marcos da literatura periférica brasileira.
Sérgio Vaz é idealizador e um dos fundadores da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia), movimento criado em 2001 que transformou bares da zona sul de São Paulo em espaços de resistência poética. A “Noite da Poesia”, sarau que era realizado semanalmente, passou a reunir centenas de pessoas em torno da palavra, do microfone aberto e da valorização da voz da quebrada.
Sua trajetória sempre esteve profundamente ligada a Taboão da Serra, cidade onde vive e atua como referência cultural. Além dos saraus e eventos comunitários, desenvolveu ações voltadas à educação, leitura e formação de jovens artistas.
Com sua poesia direta, social e mobilizadora, Sérgio Vaz tornou-se uma das principais referências da atual literatura brasileira, sendo reconhecido por instituições e premiações importantes, como a Ordem do Mérito Cultural, concedida pelo Ministério da Cultura, concedida pelo presidente Lula.
“Não sou marginal porque vivo à margem, sou marginal porque transbordo”, costuma dizer. Sérgio Vaz segue sendo um símbolo de como a cultura pode ser instrumento de dignidade, transformação e pertencimento nas bordas do Brasil.