16 º
Taboão da Serra
Terça-Feira,
17 de Junho de 2025
  • 11 97446-9830
  • otaboanense@uol.com.br
    • Home
    • Taboão
    • Embu
    • Itapecerica
    • + Região
    • São Paulo
    • Brasil
    • Home
    • Últimas Notícias
    • Quem Somos
    • Anúncie Aqui
    • Fale Conosco

                                   
9 de setembro de 2009

Liceu de Artes: Agregação, Formação e Sociabilidade em Cultura

Divulgação


Por Najara Lima Costa

“Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?”
Bertold Brescht (1898-1956)

 

Debater cultura dentro da realidade social brasileira pode até soar como provocação tamanha a forma a qual assimilamos e percebemos as “prioridades” de Estado. O assunto torna-se ainda mais prolixo ao consideramos estatísticas que ainda retratam grandes disparidades nas suas formas de acesso.

Dados da última pesquisa realizada pelo IBGE  e informadas pelo Minc  em 2008 assinalam que 93% dos brasileiros nunca foram a uma exposição de arte ao mesmo tempo em que apenas 14% freqüentam salas de cinema. Em primeira instância tais elementos informativos além de proporcionarem reflexões acerca das hierarquias de origens sociais, também revelam que o espaço social, qual estamos inseridos, favorece na assimilação de inúmeros valores . O desafio a partir deste contexto é justamente mudar paradigmas por tanto tempo estagnados e possibilitar novas condições e concepções estéticas.

Pensemos agora em nossa realidade local. As efetivações de projetos que atendam nossas demandas por vezes constituem-se com lutas que se deflagram em infinitos contra-sensos. À medida que a história avança suscitam-se interpretações sobre valores circunstanciais, enquanto que conseqüências estruturais e dinâmicas de ações políticas específicas fomentam ou eliminam oportunidades.

Sabemos que a inanição de recursos não é determinante para indivíduos que pensam a cultura como um alicerce que integra pessoas a sociedade. A própria constituição de ambientes e grupos de resistência em Taboão da Serra é perceptível desde espaços como CANDEARTE, TESOL, Mini Cine-Tupi, além de movimentos de expressão espontânea da linguagem como o Hip Hop Atitude e tantos outros.

Manifestações culturais oriundas dos estigmatizados expõem que estes encontram na arte a expressão e o sentimento de pertencimento com seu espaço independente do auxílio do poder público, contudo, como o estado pode hoje pensar novas políticas sociais fomentadoras de manifestações culturais e que não estejam contaminadas pela obliqüidade do assistencialismo?

É compreensível que o personalismo ou pelo menos sua tentativa a partir da “politicagem” em cultura aflora discordâncias que facilmente minam propostas. Por outro lado a mudança no caráter da acessibilidade hoje no município é vista com muito estranhamento por alguns que consideram sua representação com maior influência. Como é aceitável que presentemente pessoas tenham o mesmo direito ao acesso a cultura, sejam elas amigas de quem forem? Como é possível a existência de um projeto intergeracional  e com sujeitos tão diferenciados racialmente e socialmente?

A resposta para esta questão é bem simples: A nova política cultural que se instalou comunga do pensamento de que poucos podem se tornar grandes artistas, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar. Para tanto, é necessário, acima de tudo, criar oportunidades.

A formação cultural longe de competir apenas aos membros das classes privilegiadas deve sim proporcionar aos menos abastados possibilidades de se familiarizarem com a arte. Esta proposta não sugere, no entanto, que conhecimentos adquiridos atuem como panacéia em meio a uma vivência por vezes tão perversa, mas algo necessário frente à perplexidade social que tanto nos brutaliza.

O Liceu de Artes Municipal de Taboão da Serra, atual sede da Divisão de Cultura, constitui-se hoje como o único espaço público da América Latina que possui aprendizado gratuito direcionado a qualquer indivíduo que almeje iniciação em qualquer área das artes o que faz com que este público também compreenda suas intersecções. Nesse ambiente encontramos pessoas das mais diversas faixas etárias, classes sociais e etnias, justamente por que seu conceito pauta-se no princípio da multiculturalidade e na adoção de políticas de neutralização dos efeitos discriminatórios.

No âmbito de debates de promoção e ampliação do acesso aos bens culturais é perceptível que este local é um instrumento de inclusão sócio-cultural que se fortalece dentro de uma linha de abertura, aproximação e agregação. A compreensão sociológica de um projeto como este também se constitui pela inovação no método. Sua interação espacial proporciona aprendizados que instituem interfaces entre áreas conduzindo escultores(as), grafiteiros(as), atores(as), músicos(as), bailarinos(as) e outros(as) artistas a um universo de linguagens diversificadas e enriquecedoras.

O método de ensino neste ambiente se estabelece pela sensibilização e entendimento do conceito da criação e liberdade artística. O aluno leva e transmite aprendizados em uma atmosfera que se opõe aos obscurantismos e essencialismos, já que diferenças sociais deixam de se tornar desigualdades facilitando a acessibilidade e inclusão de pessoas antes excluídas das políticas públicas de acesso à cultura na cidade.

A mudança no perfil das pessoas interessadas em cursos na área cultural em Taboão da Serra é um agregador que subverte uma antiga lógica. Somente uma base que se fortifica pelo viés do alcance coletivo permite com que homens, mulheres, crianças e idosos aprendam e desenvolvam momentaneamente e aos seus modos a cognição de conceitos em arte e cultura.

Se a arte é a capacidade humana de transmitir estados de espírito por meio de sensações, a sociabilidade e a convivência entre pessoas tão distintas também auxilia neste aprendizado. Resta dizer que esta formação não supõe etapas por não prever um término e que neste momento a “arte pela arte” não se faz conexa por não favorecer a inovação critica e transformadora.

Trabalhar democraticamente cultura implica antes de tudo entender o período, as condições locais e as necessidades em que se vive, pois o espaço não será adequado para seu desenvolvimento se não existirem primeiramente pessoas interessadas e preparadas para a nova linguagem. Frutos de um trabalho em formação voltados para a reflexão e para a criação de apreciadores das artes certamente não são colhidos com tanta rapidez, mas tornam-se imprescindíveis de serem plantados em nossos tempos ainda tão sombrios.


Najara Lima Costa tem 28 anos e é socióloga formada pela UFF – Universidade Federal Fluminense. Foi diretora da 53ª Paixão de Cristo de Taboão da Serra e atualmente é apresentadora da TV Multimídia Baobá de Cultura Afro brasileira além de professora de teatro do Liceu de Artes Municipal. Exerce atividades culturais e de pesquisa há mais de 12 anos.

 

 

 

2009ArtigoCulturaLiceu de ArtesNajara CostaOpinião
Notícias Relacionadas
  • Cultura

    Taboão da Serra: Cultura define datas para 2ª e 3ª Escutas Públicas de aplicação de recursos
  • Funcionalismo

    Servidores de Taboão da Serra mantêm greve e aguardam proposta da Prefeitura
  • Qualificação

    Embu das Artes: Oficina gratuita de Teatro de Animação para profissionais da educação; inscrições abertas
  • Cultura

    Giro Pro: programa de incentivo ao setor cultural e criativo chega a Taboão da Serra na quarta (28)
publicidade

Sobre

  • Quem Somos
  • Anúncie Aqui
  • Últimas Notícias
  • Fale Conosco
WhatsApp
11 98432-5544

O TABOANENSE é o maior portal de notícias diárias da região da grande São Paulo desde 2002 abrangendo as cidades de Taboão da Serra, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, São Lourenço da Serra, Juquitiba, Embu-Guaçu e São Paulo.
Todos os Direitos Reservados
O Taboanense © 2020

Disponível no Google Play Disponível na Apple Store

desenvolvido por

www.flokin.com.br
GRUPO O TABOANENSE DE COMUNICAÇÃO - v6.1.6