Jovem que canta e dança na BR é a nova “lenda urbana” de Taboão da Serra
Por Marcus Vinicius Dias
Quando se fala em "lenda urbana" em Taboão da Serra, o nome de Carlos Adão é o primeiro lembrado pelos taboanenses. O pichador é conhecido por pintar seu nome em muros, outdoors e passarelas da cidade e em diversos lugares do Estado de São Paulo. Mas, e quanto ao jovem que se arrisca, diariamente, cantando e dançando sobre as muretas que separam as pistas da Regis Bittencourt na hora do rush?
Alan Barbosa pode ser considerado o novo anônimo mais conhecido da cidade, pelo menos é assim que o jovem de 20 anos, residente do bairro do São Judas, gosta de ser citado. Com seu radinho de pilha na mão e com muita ginga e equilíbrio no corpo, ele usa o muro que divide a BR 116 como palco e tem como espectadores os milhares de veículos que trafegam pelo local nos dois sentidos.
Foto: Marcus Vinícius Dias
Alan Barbosa, que canta e dança entre veículos na rodovia Régis Bittencourt
"Eu venho aqui todos os dias dançar e cantar para todo mundo que passa de carro e ônibus na BR. Vejo que todos me observam, tiram fotos, aplaudem e até jogam moedas para mostrar que reconhecem meu talento. Muita gente me cumprimenta e fala para eu não desistir do meu sonho de ser famoso", disse o humilde e bem humorado garoto.
Apesar dos riscos em dançar sobre o muro que divide uma das mais movimentadas rodovias do país, Alan sabe do perigo que enfrenta, mas afirma que essa é a única forma de chamar a atenção das pessoas.
"Eu rezo sempre antes e depois de fazer minha apresentação. Sei do perigo e não desejo isso pra ninguém, pois ainda tenho medo de cair no meio dos carros, mas eu quero ser notado por todo mundo que passa por ali e tenho certeza que serei compensado em breve", afirmou.
Assim como todo artista de rua, o jovem rapaz não se preocupa com as dificuldades e diversidades que suas apresentações podem levá-lo. Com a falta de oportunidade em mostrar seu talento, Alan acredita que seu sonho será realizado no momento certo, pois sabe que, em algum momento, alguém vai observá-lo.
"Eu sonho em ser cantor. Às vezes trago meu violão junto comigo. Ouço meu sertanejo no fone de ouvido e represento as músicas do Michel Teló e Luan Santana para todos ver e ouvir. Uma hora algum caça talentos vai me ver e me dar uma chance", conte ele.
Paralelamente às apresentações, Alan trabalha como ajudante de cozinha em um restaurante de Pinheiros, região oeste de São Paulo. Apesar disso, o jovem garante que consegue conciliar seu show a céu aberto do trabalho.
"Graças a Deus consegui esse trabalho, mas nunca vou parar de me apresentar aqui no Taboão. Antes eu vinha cantar de manhã e no final da tarde, mas agora só estou aqui de tarde. O único lado negativo é que, por eu não poder levar meu violão para o trabalho, não poderei mais tocar enquanto danço e canto na BR", concluiu.