Advogado de Aprígio reforça que ex-prefeito é vítima no processo do falso atentado e nega qualquer envolvimento no crime
Pouco mais de um ano após o atentado falso que feriu o então prefeito de Taboão da Serra, José Aprígio, a Justiça de São Paulo iniciou, nesta quarta-feira (12), a fase decisiva do processo que pode levar cinco réus a júri popular. A audiência de instrução foi realizada no Fórum da cidade e marcou um novo momento em um dos casos mais controversos da política taboanense.
O episódio ocorreu em 18 de outubro de 2024, durante o período eleitoral, quando Aprígio foi atingido por um tiro de fuzil no ombro. A suspeita levantada pela investigação apontou para a possibilidade de o atentado ter sido forjado com o objetivo de impulsionar a campanha do então prefeito, que tentava a reeleição.
Após a audiência desta quarta, o advogado Allan Mohamed Hassan, defensor do ex-prefeito, afirmou publicamente que seu cliente compareceu ao julgamento “na condição de vítima de uma tentativa de homicídio, que por pouco não tirou sua vida”.
O advogado reiterou que não há qualquer elemento de prova que aponte envolvimento de Aprígio no esquema. “Até o momento, todas as investigações confirmam sua completa ausência de participação e reforçam sua condição inequívoca de vítima”, disse.
Allan Mohamed destacou ainda que o Ministério Público não se opôs ao pedido para que a defesa fosse habilitada como assistente de acusação, o que foi acatado pela juíza da 2ª Vara de Taboão da Serra. Para ele, isso “reforça juridicamente o reconhecimento de que Aprígio é vítima no processo”.
Ele também criticou as declarações feitas por um dos réus em colaboração premiada, classificando-as como “tentativa de obter benefícios penais às custas da verdade e da honra de quem foi efetivamente vítima de um grave atentado”.
O advogado declarou confiança na atuação da Polícia Civil, do Ministério Público e do Poder Judiciário. “As instituições seguirão com isenção e rigor técnico para garantir que os verdadeiros responsáveis sejam punidos com todo o peso da lei.”
Segundo ele, Aprígio “segue com serenidade e comprometido com a verdade, confiante de que a Justiça prevalecerá”.
A decisão da Justiça sobre o envio do caso ao júri popular deve ser anunciada nas próximas semanas. Enquanto isso, a população de Taboão da Serra continua aguardando respostas definitivas para um crime que abalou a cidade e permanece sem esclarecimento completo um ano após sua ocorrência.
Entenda o caso
Segundo a Polícia Civil e o Ministério Público, o ataque teria sido planejado por pessoas ligadas ao grupo político de Aprígio. A denúncia do promotor Juliano Atoji afirma que Gilmar de Jesus Santos, Odair Júnior de Santana e Jefferson Ferreira de Souza participaram diretamente da execução, enquanto Anderson da Silva Moura, o “Gordão”, e Clóvis Reis de Oliveira seriam os intermediários. Dois deles permanecem presos; outros três seguem foragidos.
De acordo com o MP, os cinco réus respondem por quatro tentativas de homicídio qualificado, adulteração de veículo, associação criminosa e, em um dos casos, lavagem de dinheiro. A denúncia aponta ainda que o grupo receberia R$ 500 mil pelo ataque simulado.
Apesar das investigações apontarem suspeitas contra ex-integrantes da gestão municipal, nenhum nome foi formalmente responsabilizado como mandante do crime. No início de 2025, ao depor na delegacia, Aprígio negou qualquer participação na fraude.