3ª Parada do Orgulho Gay reúne multidão no Pirajuçara
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Foi com muitas cores, alegria e principalmente pela luta por uma sociedade menos preconceituosa, que Taboão da Serra recebeu a terceira edição da Parada do Orgulho Gay, na tarde deste domingo, dia 2 de setembro, na região do Pirajuçara. Com o lema “Homofobia mata! Criminalizá-la é garantir o meu direito à vida”, a ONG Diversitas mobilizou homossexuais, bissexuais e simpatizantes do município e de regiões vizinhas, para mobilizar a sociedade a compreender a opção sexual de cada um, além de combater a homofobia.
Veja galeria de imagens da 3ª Parada Gay de Taboão da Serra
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Pouco antes de começar o evento, por volta das 13h, um gay foi agredido por uma pessoa que caminhava em frente a padaria Varandas, no bairro do Jardim Clementino. Um casal homossexual, que presenciou a cena, foi tirar satisfações com o agressor, mas acabaram sendo impedidos pelos próprios membros do grupo LGBT, que estavam próximos do ocorrido.
Foto: Eduardo Toledo
Participantes da 3ª Parada Gay de Taboão da Serra
Dados levantados pelo grupo LGBT da Bahia apontam que morrem três homossexuais por dia no Brasil, vítimas da violência sem limites que o preconceito atinge na pessoa.
Segundo o Secretário Geral da ONG Diversitas e organizador da Parada Gay de Taboão, Edson Luiz, o principal motivo do evento no município se deve ao grande número de homossexuais na região e, principalmente, em combate à homofobia no país. “Os gays têm valor. Do mesmo jeito que os gays estudam e trabalham, eles também pagam seus impostos, como qualquer um, e o tema é um ato muito forte para que possam ver que os gays, além de exigirem seus direitos, eles respeitam e também querem ser respeitados”.
Luiz disse ainda que espera aumentar ainda mais o número de participantes da Parada Gay. Em 2011, mais de 40 mil pessoas se reuniram na Praça Luiz Gonzaga para prestigiar o evento. “A expectativa é crescer todos os anos. No primeiro evento nosso, há dois anos, mesmo com chuva, trovão e pouca divulgação, nós tivemos cerca de cinco mil pessoas, com o show da cantora Amanda. O segundo, em 2011, nós tivemos esse número alto devido ao show da Wanessa Camargo, então, a divulgação foi um pouco mais ampla. Este ano, nós tivemos apenas uma semana para divulgar, mas, esperamos que chegue a 40 mil e até a 80 mil, se Deus quiser”.
Uma das pessoas mais bem produzidas do evento, o jovem travesti, Leonardo, de 20 anos, deu um desabafo sobre preconceitos contra sua opção sexual e pediu leis rígidas aos homofóbicos que agredirem os homossexuais. “Aqui mesmo em Taboão tem muito homofóbico. A gente tem que mostrar que o mundo é gay e a gente está aqui para ser respeitado. Quem bate em gay, lésbica deve ser preso, sem direito a pagar fiança. Não podem continuar impune”.
Para a lésbica Daniele Santos, de 20 anos, a sociedade precisa aceitar as pessoas como elas são. A jovem disse já ter perdido amigos por conta de sua opção sexual. “Eu acho magnífico a gente estar aqui, pois a gente está lutando por uma causa que é nossa, lutando pelos nossos direitos, pelo que a gente quer e o que a gente precisa. A gente não tem vergonha do que a gente é. Eu nasci assim, mas assumi com 15 anos. Minha mãe me entende, mas, meu pai, que é pastor, foi difícil para ele entender. Mas, logo depois, ele me entendeu, pois disse que me ama de qualquer jeito. As minhas amigas, se afastaram todas de mim. Já as pessoas que eu achava que iriam virar a cara, me apoiam até hoje”.
Também estiveram presentes simpatizantes, como o jovem Diego, de 22 anos. Acompanhado de sua parceira, bissexual, ele disse que não consegue entender como as pessoas criticam os gostos de cada um, pois são todos iguais. “Para mim, não importa o que a pessoa é. O que importa é a gente ser feliz, pois, todos nós somos seres-humanos, por isso, para mim, não importa qual a sexualidade de ninguém”.
Já sua companheira, Gil, de 25 anos, disse que já sofreu todo tipo de preconceito, inclusive de alguns membros do grupo LGBT, que ainda não têm bons olhos para o público bissexual. “Todo mundo se afastou de mim. Preconceito geral. Sofri bastante e sofro até hoje. Até mesmo dentro do mundo LGBT, pois pouca gente entende o bissexual. Eu assumi minha opção sexual há cinco anos e perdi minha família e amigos. Tem gente que não fala comigo até hoje, mas, eu sou assim. Sou desde nova, mas tive receio de assumir. Mas, chegou num ponto que eu não consegui mais esconder e acabei assumindo. Foi barra”.
Uma das convidadas de honra da Parada Gay, a travesti Salete Campari, conhecida nacionalmente, disse que criminaliza qualquer tipo de preconceito e que eventos como esse deveriam acontecer em todos os cantos do país. “É preciso acontecer estes eventos para mostrar as diferenças e que a gente pode conviver juntos, pois a gente não quer mais e nem menos, queremos apenas respeito. Eu acho que em todo o país, deveria ter essas paradas, para a gente conviver e a sociedade ver que o que a gente quer é se divertir, queremos é ser feliz. Existe gay no Brasil inteiro e em Taboão também”.
Um dos grandes apoiadores do grupo LGBT e responsável por realizar a Parada Gay no município, o candidato a vereador pelo PT em Taboão da Serra, Wanderley Bressan, disse que a importância do evento é mostrar que a sociedade pode conviver com harmonia, independente da opção sexual de cada um. “Hoje é um dia de festa para a gente e a concretização de um sonho. Há três anos, nós realizamos nossa primeira parada e foi um sucesso, quebramos vários tabus e colocamos na cabeça das pessoas que é possível ser feliz e ter uma sociedade mais justa e respeitosa, conscientizando as pessoas sobre as diferenças que existem entre elas”.
Afastado da presidência da ONG Diversitas para poder concorrer a uma vaga na Câmara Municipal no próximo ano, Bressan criticou a falta de apoio dos políticos, no que se refere aos direitos humanos, e defende uma reforma política, não apenas em Taboão da Serra, mas em todo o país.
“Nós, homossexuais, gays, lésbicas, bissexuais estamos sempre juntos e unidos para reivindicar uma ação mais proativa do governo, tanto da conscientização da sociedade quanto numa educação mais inclusiva. Também numa segurança pública que criminaliza os atos homofóbicos e não as pessoas que optaram amar diferente. Infelizmente, nós temos um sistema eleitoral um pouco injusto. Infelizmente, os políticos fazem, em suas contas eleitorais, pensando em quem vai agradar e com um certo cuidado com quem não vai desagradar. Infelizmente, na nossa sociedade ainda existam pessoas que deixam a humanidade de lado e preferem optar pelo conservadorismo”.
Após marcharem pela Estrada de Kizaemon Takeuti, os participantes da Parada Gay se instalaram na Praça Luiz Gonzaga. No local, aconteceram apresentações de Drag Queens, danças, performances de humoristas e o aguardado show da cantora carioca Lorena Simpson.